No entardecer deste domingo, 25, a orla de Santarém se transformou em cenário para o "rito de despedida do dia", com folias, ladainhas e o tradicional banho de cheiro. A celebração abriu a 4ª edição do projeto Domingo de Lazer, promovido pela Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Turismo (Semtur). Moradores e visitantes participaram de uma vivência que exaltou a espiritualidade, a cultura popular e os saberes amazônicos. Em frente à Praça Tiradentes, o público acompanhou também as apresentações dos botos Tucuxi e Cor-de-Rosa, que emocionaram com suas performances e simbolismos.
Segundo o secretário municipal de Turismo, Emanuel Júlio Leite, o projeto Domingo de Lazer vem se consolidando como uma importante estratégia para valorizar os espaços públicos.
“Queremos transformar praças e orlas em locais de vivência turística e cultural. O Domingo de Lazer é realizado uma vez ao mês e busca ocupar esses espaços com atividades que reforçam nossa identidade e acolher quem nos visita. Nesta edição, o evento surpreendeu mais uma vez, tanto pelo público presente quanto pela presença simbólica do Sairé no centro da cidade, fora de seu território tradicional, Alter do Chão”, destacou o secretário.
Para Osmar Vieira Borari, coordenador da Festa do Sairé, levar o rito à orla de Santarém representa uma retomada da tradição em sua essência.
“A festa carrega a alma do nosso povo ribeirinho. Com mais de 300 anos, o Sairé mistura influências do catolicismo e dos povos originários. Quando nos deparamos com esse ritual, nos deparamos com a história do povo da Amazônia. Mesmo quem nunca participou, sente a ancestralidade vibrar. Os cantos, os tambores, os gestos… despertam algo no íntimo da gente. E vivenciar isso faz com que todos reconheçam: o Sairé também é deles. Pela primeira vez, o rito tradicional foi apresentado na orla de Santarém, junto com os botos. É o Sairé voltando para o povo santareno”, afirmou Osmar.
Quem acompanhava tudo com atenção era a aposentada Wandercila Veras, de 75 anos, que passeava com a família.
“É uma alegria poder ver o Sairé fora do calendário oficial. Isso ajuda a gente a se sentir parte da tradição. É tudo tão lindo que a gente fica até arrepiada”, disse.
A jovem Vivian Sales também se emocionou e destacou a importância de ver o Sairé ganhar novos espaços.
“Eu gostei muito. Nunca fui ao Sairé, só ouvia falar. Ver de perto foi muito emocionante e bonito!”, contou, sorrindo.
A programação contou ainda com a apresentação dos itens oficiais dos botos Cor-de-Rosa e Tucuxi, que interagiram com o público, encantando adultos e crianças.
O diretor de comunicação do Boto Tucuxi, Yuri Mota, ressaltou que participar do Domingo de Lazer é uma oportunidade de mostrar o trabalho artístico do grupo ao longo do ano.
“O evento ajuda mais pessoas a entenderem o que representa o Tucuxi. Nosso boto vai além de barreiras, além de lagos, ele representa a expansão da nossa cultura. A apresentação aqui, realizada com apoio da Prefeitura, é uma forma de reafirmar nossa força, nossa resistência, tanto do Tucuxi quanto do ‘boto avesso’. Estamos aqui para preservar e exaltar a cultura, tanto de Alter do Chão quanto de toda Santarém”, disse.
Já Jordy Neves, diretor de comunicação do Boto Cor-de-Rosa, destacou que a presença dos grupos folclóricos na orla aproxima a população da essência do Sairé.
“Estar num espaço como a orla é especial. A gente sai do palco tradicional e entra em contato direto com o povo. Isso faz com que mais pessoas valorizem o que temos de mais bonito. Muitas ainda não conhecem de perto o Sairé, os botos, a mensagem de preservação que levamos. Levar o espetáculo para fora de Alter do Chão é também dar acesso àquilo que já nos pertence, mas que nem todos tiveram a chance de vivenciar. É uma forma de fazer com que o público abrace, de verdade, sua própria cultura”, concluiu.
Além das apresentações culturais, o evento contou com exposição de artesanato regional, promovendo integração entre empreendedores locais, turistas e a população santarena. O Domingo de Lazer é realizado com apoio de secretarias municipais (Semdec, Semurb, Semma, SMT), forças de segurança (CPR1, 3º BPM e DPA), além de artesãos e comerciantes do Terminal Fluvial Turístico (TFT) e do Centro de Artesanato Tapajós - Cristo Rei.
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